Barragem
Poderia, de mãos abertas,
ler o sentido da vida que segue
ou da vida que persigo na mente.
Por cada linha da palma,
uso a ponta do indicador
para acompanhá-las.
Atravesso, como um boto,
as margens do rio, de um lado a outro.
Como a capivara rói os troncos
e os devassa num clarão da mata;
e que depois os entrelaça em barragens
arquitetadas como as do corpo.
Como as células do corpo,
a meninge da alma e do sentimento,
a barreira d'água entre a folha e o vento...
Barragens do coração,
da imaginação!
Um lago imenso criado,
com o qual afoguei bichos e plantas,
e que espera a hora de descer em corredeira cimentada,
por turbinas de geração,
e deixar a luz do corpo ser criada.
E assim levá-la aos olhos que falam,
aos órgãos que falham e
aos ombros que afagas.
Também voaram as maritacas do alagamento e
vôo como as que berram nas amendoeiras
e nas mangueiras que trepo.
Um voar famigerado, insustentado,
que plana ao contrário, de barriga pro espaço.
E pego sol como urubus fazem nos postes:
de cabeça baixa, arregaçando as asas e impostando a omoplata;
às vezes de pé direito levantado, às vezes de esquerdo,
às vezes de sandália, provocando as garças.
Mas as mãos que eu leio são unicamente minhas!
As linhas, os imperfeitos quadrantes que se formam delas,
os gomos de músculos fatigados
que se mexem incontrolados
como se fossem esferas de gude...
Minhas mãos únicas
são as mãos da natureza
que afofam a mata,
seguram as nuvens e separam as estrelas.
Minhas mãos que derrubam os obstáculos das palavras;
daquelas palavras ditas sem língua nem ar;
as pronunciadas pelo sentimento,
que vagam perdidas nas linhas da fala.
ler o sentido da vida que segue
ou da vida que persigo na mente.
Por cada linha da palma,
uso a ponta do indicador
para acompanhá-las.
Atravesso, como um boto,
as margens do rio, de um lado a outro.
Como a capivara rói os troncos
e os devassa num clarão da mata;
e que depois os entrelaça em barragens
arquitetadas como as do corpo.
Como as células do corpo,
a meninge da alma e do sentimento,
a barreira d'água entre a folha e o vento...
Barragens do coração,
da imaginação!
Um lago imenso criado,
com o qual afoguei bichos e plantas,
e que espera a hora de descer em corredeira cimentada,
por turbinas de geração,
e deixar a luz do corpo ser criada.
E assim levá-la aos olhos que falam,
aos órgãos que falham e
aos ombros que afagas.
Também voaram as maritacas do alagamento e
vôo como as que berram nas amendoeiras
e nas mangueiras que trepo.
Um voar famigerado, insustentado,
que plana ao contrário, de barriga pro espaço.
E pego sol como urubus fazem nos postes:
de cabeça baixa, arregaçando as asas e impostando a omoplata;
às vezes de pé direito levantado, às vezes de esquerdo,
às vezes de sandália, provocando as garças.
Mas as mãos que eu leio são unicamente minhas!
As linhas, os imperfeitos quadrantes que se formam delas,
os gomos de músculos fatigados
que se mexem incontrolados
como se fossem esferas de gude...
Minhas mãos únicas
são as mãos da natureza
que afofam a mata,
seguram as nuvens e separam as estrelas.
Minhas mãos que derrubam os obstáculos das palavras;
daquelas palavras ditas sem língua nem ar;
as pronunciadas pelo sentimento,
que vagam perdidas nas linhas da fala.
4 Comments:
muito bom....já começou bem a 2 temporada...sorte
PS: sou o 1 da fila pra comprar o livro autografado!!
vlwww
Muito bom! Recomecou, de fato, renovado.
Eu quero um autografado tambem! Te pago depois... hauhauhaua
Valeu
Oi quando é que vai sair o livro?
Tuca
obra prima. atual e comovente.
aguardo o livro e acho que esta tem o seu lugar nele.
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