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Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem - não foi homem,/ Só passou pela vida - não viveu. (Francisco Otaviano)

3.5.07

Ao Novo

A grama cortada
A flor caída
A fruta passada
A chuva
O beijo que a lua
dá no mar que o acorda
A saliva do sol
que o vulcão alaga

O ipê roxo
A orquídea
O sal da bebida
que vaza do corpo
A mata fechada,
introvertida
O gosto da amora no pé:
docinha feito a vida

A vida
A casa na árvore
O som do arvoredo no vento
A ventania
O trovão
O raio que não cai na piscina

A luz da noite cobrindo o mármore
O espelho da poça
O sapo
A formiga
O besouro
A mariposa tonta
sob os olhos da lagartixa

O mico saracoteando nos galhos
O antepasto do anu branco
preparando o papo pro carrapato
A preá na areia de construção

Os tijolos
As telhas
As baratas das telhas
O calango
A lacraia
O escorpião transparente
no saco de batata
A aranha em tocaia

A teia da aranha na manhã serenada;
branquinha, como renda natural
de uma colcha retalhada
As patas
As mãos

O tato que a natureza tem
quando coloca as estrelas
cuidadosamente em seu manto
e que, às vezes, escorrem dele
como a lágrima escorre dos olhos num pranto

Teu jeito de flor
que sacode-se inteira do caule
e joga-se em letra no lápis
até no poema se abrir,
como num impasse
entre a vida que segue
e a permissão de um amor que nos lace

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Novo tempo, amigo!
tempo de criar, recriar
transformar...
que venha o livro
muita poesia!

15:52  
Blogger Renan Oliveira said...

bons adjetivos....métrica legal tb....tem cara de PDR isso ai....abraçoss

10:21  

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