Filha de Iemanjá
Não sou feito d'água
nem de sal
nem coral
Não tenho areia
nem coqueiros
nem pombal
Não tenho as ondas
e as lagoas
que pariste
Não tenho fundo
nem raso
nem estirpe
Não faço parte
não mareio
não rio
Há gaivotas
em suas
baías
E, em mim, há frio
Não sou da realeza
sou lodoso
sou asco
Sou da terra
Não mereço,
Mas peço a mão de sua filha
Donzela
Quero subir no altar
Duma capela
Cor de azul-marinho
Com flores num buquê de alga
Com ventos de um sudeste vivo
Com peixes em algazarra
E febre nos golfinhos
Quero me casar com ela
Sob a maré da sizígia
Tendo a Lua, a passarela,
com seus escuros rígidos
Quero subir no altar
Duma capela
De amores vindos
Peço a mão de sua filha
sob testemunha das sereias
sob a mitra nos cabelos
de cada água-viva das beiras
Casaremos sob os gritos das baleias,
em meio aos arrecifes dos tubarões.
Casaremos em Recife, ouvindo frevo,
nossos olhos molhados,
em degelo,
vermelhos
e atravessados por arpões.
nem de sal
nem coral
Não tenho areia
nem coqueiros
nem pombal
Não tenho as ondas
e as lagoas
que pariste
Não tenho fundo
nem raso
nem estirpe
Não faço parte
não mareio
não rio
Há gaivotas
em suas
baías
E, em mim, há frio
Não sou da realeza
sou lodoso
sou asco
Sou da terra
Não mereço,
Mas peço a mão de sua filha
Donzela
Quero subir no altar
Duma capela
Cor de azul-marinho
Com flores num buquê de alga
Com ventos de um sudeste vivo
Com peixes em algazarra
E febre nos golfinhos
Quero me casar com ela
Sob a maré da sizígia
Tendo a Lua, a passarela,
com seus escuros rígidos
Quero subir no altar
Duma capela
De amores vindos
Peço a mão de sua filha
sob testemunha das sereias
sob a mitra nos cabelos
de cada água-viva das beiras
Casaremos sob os gritos das baleias,
em meio aos arrecifes dos tubarões.
Casaremos em Recife, ouvindo frevo,
nossos olhos molhados,
em degelo,
vermelhos
e atravessados por arpões.
2 Comments:
lindos seus poemas.. passo sempre por aqui. escreva sempre! beijos.
O do senhor também é muito bom!
Um beijo da distância Rio-SP.
Até!
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