Velhice Bem-Servida
Minhas pernas já não mais respondiam
como quando jovem.
Tremiam. Desestabilizavam-se a toda hora.
Minhas pálpebras cansadas de abrir os olhos;
e mesmo meus olhos verdes, cansados de ver.
Tantos livros que acumulei;
fotografias, filmes, melodias...
Tanto que nem sei.
A cada dia passado em minha vida,
o tempo, assim, machucava na tez.
Em mim, desenhava sinais,
como a parafina derretida
de uma chama já ínfima.
Todo o tempo que havia,
vivido outra vez.
As colinas eram íngremes,
muito mais do que lembrava.
A relva cálida suprimia a trilha,
os pequenos galhos e as pedrinhas.
Meu sapato de tantos anos, variava o barro.
A cada ano vivido, sofria um bocado,
como se as marcas da vida subissem montanhas.
Sempre achei as terças-feiras mais
interessantes que os outros dias.
E cá de cima, às vezes, lembro-me das tercinas,
das quintinas e dos domingos.
Descansava num banco de madeira,
às espera do fim de tarde.
Eu, meu chapéu Panamá,
minha camisa cor de azul-marinho,
minhas calças surradas que já foram de meu pai.
Minha barba tão branca,
meus cabelos tão ralos.
A dificuldade da vista cada vez mais inoculada
nas formas da fantasia.
Constantemente, sentia música em meus ouvidos,
poesia em cada sílaba da paisagem.
Cores me atormentavam.
O sol me castigava.
Vivia sempre, em cada instante, esperando
um vício, um aviso, talvez até a mensagem
que se espera do abismo.
Apertava os olhos,
sentia os dedos formigarem,
a respiração cada vez mais rara.
Minha fala já não era de tanta clareza,
era rouca, quase muda, quase nada.
Assim que o escuro emergia,
saía eu da casca como um caramujo
à caminho da boemia.
Tamanha nostalgia minha,
que já me faltam os tempos da velhice,
antes mesmo de ser-vida.
como quando jovem.
Tremiam. Desestabilizavam-se a toda hora.
Minhas pálpebras cansadas de abrir os olhos;
e mesmo meus olhos verdes, cansados de ver.
Tantos livros que acumulei;
fotografias, filmes, melodias...
Tanto que nem sei.
A cada dia passado em minha vida,
o tempo, assim, machucava na tez.
Em mim, desenhava sinais,
como a parafina derretida
de uma chama já ínfima.
Todo o tempo que havia,
vivido outra vez.
As colinas eram íngremes,
muito mais do que lembrava.
A relva cálida suprimia a trilha,
os pequenos galhos e as pedrinhas.
Meu sapato de tantos anos, variava o barro.
A cada ano vivido, sofria um bocado,
como se as marcas da vida subissem montanhas.
Sempre achei as terças-feiras mais
interessantes que os outros dias.
E cá de cima, às vezes, lembro-me das tercinas,
das quintinas e dos domingos.
Descansava num banco de madeira,
às espera do fim de tarde.
Eu, meu chapéu Panamá,
minha camisa cor de azul-marinho,
minhas calças surradas que já foram de meu pai.
Minha barba tão branca,
meus cabelos tão ralos.
A dificuldade da vista cada vez mais inoculada
nas formas da fantasia.
Constantemente, sentia música em meus ouvidos,
poesia em cada sílaba da paisagem.
Cores me atormentavam.
O sol me castigava.
Vivia sempre, em cada instante, esperando
um vício, um aviso, talvez até a mensagem
que se espera do abismo.
Apertava os olhos,
sentia os dedos formigarem,
a respiração cada vez mais rara.
Minha fala já não era de tanta clareza,
era rouca, quase muda, quase nada.
Assim que o escuro emergia,
saía eu da casca como um caramujo
à caminho da boemia.
Tamanha nostalgia minha,
que já me faltam os tempos da velhice,
antes mesmo de ser-vida.
1 Comments:
Maravilha!
bj - chlb
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