Ainda Não
Uma vida prematura,
de oito meses no bucho.
Uns meses de luto,
uns meses de amargura.
Que enfrentamos raios,
trovões e barreiras.
Rebouças, bares, feiras
e o assombro dos arcos.
Qual inicia-se distante,
nas letras do computador,
nas palavras de impostor
que a ti mostrei diante.
Semanas após semanas
Filmes, peças, sentidos...
E o fraco nosso destino
Que morreu com as plantas.
E como depressão pós-parto,
a mãe rejeita o filho:
aquele todo carinho
foi esquecido e largado.
Os meses em que falei
cantando em teu umbigo,
e que assim algum filho
visse o pai que serei.
Os meses em que ele bateu,
batucou tua moringa,
teu xequerê na barriga,
e ouvimos de fora, um ser.
Imaginei a criança doce
que tua voz me disse
baixinho (uma reza de missa):
"sem expectativas" - que fosse!
Enquanto sua massagem
nas minhas costas feria
e eu nunca disse que a minha
te faria partir viagem.
Tantas coisas mal ditas
sequer nem ditas foram
que guardei (e como!)
pra dizer-te um dia.
E a única fotografia
que tiramos da gravidez
foi a memória que fez e
que guardei, mas será perdida.
Nem uma lembrança física
e juro que tentei guardar
o cheiro teu de mar
de um perfume nítido
Mas teu travesseiro,
mesmo que não lave e
guardado à margem,
não me salva teu cheiro.
Depois de dar à luz,
percebi o erro
quando, tarde, em receio
apareceu-me no susto.
E demos adeus no carro
com minha poesia tímida
(pouca e tanta pra minha vida)
que até hoje é um marco.
A vergonha minha, de fato,
era não deixar o acaso
percorrer sereno teu caminho,
como um passarinho bobo e de passos bem largos.
Não que seja assim,
mas que fora assim, penso.
Porque nada compreendo
de um amor de um lado, tendo fim.
Não ainda, pelo menos...
de oito meses no bucho.
Uns meses de luto,
uns meses de amargura.
Que enfrentamos raios,
trovões e barreiras.
Rebouças, bares, feiras
e o assombro dos arcos.
Qual inicia-se distante,
nas letras do computador,
nas palavras de impostor
que a ti mostrei diante.
Semanas após semanas
Filmes, peças, sentidos...
E o fraco nosso destino
Que morreu com as plantas.
E como depressão pós-parto,
a mãe rejeita o filho:
aquele todo carinho
foi esquecido e largado.
Os meses em que falei
cantando em teu umbigo,
e que assim algum filho
visse o pai que serei.
Os meses em que ele bateu,
batucou tua moringa,
teu xequerê na barriga,
e ouvimos de fora, um ser.
Imaginei a criança doce
que tua voz me disse
baixinho (uma reza de missa):
"sem expectativas" - que fosse!
Enquanto sua massagem
nas minhas costas feria
e eu nunca disse que a minha
te faria partir viagem.
Tantas coisas mal ditas
sequer nem ditas foram
que guardei (e como!)
pra dizer-te um dia.
E a única fotografia
que tiramos da gravidez
foi a memória que fez e
que guardei, mas será perdida.
Nem uma lembrança física
e juro que tentei guardar
o cheiro teu de mar
de um perfume nítido
Mas teu travesseiro,
mesmo que não lave e
guardado à margem,
não me salva teu cheiro.
Depois de dar à luz,
percebi o erro
quando, tarde, em receio
apareceu-me no susto.
E demos adeus no carro
com minha poesia tímida
(pouca e tanta pra minha vida)
que até hoje é um marco.
A vergonha minha, de fato,
era não deixar o acaso
percorrer sereno teu caminho,
como um passarinho bobo e de passos bem largos.
Não que seja assim,
mas que fora assim, penso.
Porque nada compreendo
de um amor de um lado, tendo fim.
Não ainda, pelo menos...
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