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Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem - não foi homem,/ Só passou pela vida - não viveu. (Francisco Otaviano)

16.7.07

Diamante

Vejo um teto de vidro sobre mim,
Onde escorregam-se as pombas e as garças.
Ao meio-dia do infinito azul,
Quando uma falsa maré repetida,
Traz em seu bojo uma deusa sem asas.

E que de toda espuma produzida
(A casca de um diamante tão bruto,
Que é lapidado no escuro da noite)
Nasce, na manhã do oceano amargo,
A espuma nova de seu corpo rubro.

E que há tanta espuma dentro da espuma:
A boca do mar que baba feroz;
A fome de areia, a sede de corpos;
O cheiro das sereias (suas caudas)
Em cardume, ávidas, subindo à foz.

Lá na embocadura de nossas almas,
Onde os mortos sossegam-se na vida
E, debaixo da terra úmida, calam.
Onde nossas ondas se batem nuas;
Onde tristezas conservam feridas.

Lá no meio do caminho sofrido:
Os peixes na piracema, cansados;
As aves na travessia dos sonhos,
Onde há mistério bem nas bananeiras;
Onde convém descasar os casados.

Como por prazer, a maré desfaz-se
Nas ondas de um capricho desigual.
Do diamante de espuma, desce um fluido
Que alimenta meus braços de riacho,
Quando encostam tuas mãos de coral.

Vê como se cria do nada um facho!
Um clarão de meus olhos feito no ar
Sob a dispersão das nuvens de outono;
O farol de minha fronte encoberta;
O sonho de um rio de desaguar...

1 Comments:

Blogger Monica Ambivero said...

...



Faltam-me palavras pra explicar o que senti ao ler "DIAMANTE"!

Daniel, perfeito!
Todo vez você prova que a perfeição é algo mutável!

Bêjo
=***

20:43  

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