Idade
Porque minha idade é relativa ao meu futuro. O devir de uma garça quando pesca o último peixe da restinga, prestes ao pôr-do-sol repetido, que dia após dia se remexe no mangue da Guanabara à procura de um fio de vida. Não é relativa a meu corpo nem ao corpo dentro deste corpo externo.
A minha idade é absoluta, quiçá, quando vejo que o passado recorre. E foge da idade o momento fictício da falta de poder para alcançá-la. Minha idade, sim, é inalcançável, e que talvez morra nos museus e nas escrituras. Minha idade que viu muito mais do que eu e também que a viram muito mais do que a mim.
Minha idade é relativa ao meu presente. O constante mover das coisas, a eterna vadiagem do vento. Minha idade é a melancolia da água que chove, do cheiro que persevera na estante, nas roupas, no assoalho. Ela é corriqueira e cotidiana. É uma jornada de trabalho incessante, capaz de um cansaço maior que o alívio.
A minha idade é absoluta quando o presente me abastece. E congrega em mim a passagem do tempo como num soluço e a inflamação do apoio dos pulmões. Ela, como seriedade, já calcula as rugas que terei e os cabelos que perco e que embranquecem. Minha idade é positiva, mas não passeia na virtude, como um filósofo de barba branca.
Minha idade é de criança que balança no pneu pendurado pelo cizal, no galho forte da mangueira. Vem, vai, vem e vai... E lambuza-se de manga vendo os vagalumes piscarem na grama. Que se fosse idade tamanha de minha experiência, não teria o porquê de na vida regressar e voltar à idade que tenho na cabeça. Minha idade é relativa à minha infância, à minha juventude, à minha velhice e à minha morte, mesmo que a morte me seja distante.
A minha idade é absoluta, quiçá, quando vejo que o passado recorre. E foge da idade o momento fictício da falta de poder para alcançá-la. Minha idade, sim, é inalcançável, e que talvez morra nos museus e nas escrituras. Minha idade que viu muito mais do que eu e também que a viram muito mais do que a mim.
Minha idade é relativa ao meu presente. O constante mover das coisas, a eterna vadiagem do vento. Minha idade é a melancolia da água que chove, do cheiro que persevera na estante, nas roupas, no assoalho. Ela é corriqueira e cotidiana. É uma jornada de trabalho incessante, capaz de um cansaço maior que o alívio.
A minha idade é absoluta quando o presente me abastece. E congrega em mim a passagem do tempo como num soluço e a inflamação do apoio dos pulmões. Ela, como seriedade, já calcula as rugas que terei e os cabelos que perco e que embranquecem. Minha idade é positiva, mas não passeia na virtude, como um filósofo de barba branca.
Minha idade é de criança que balança no pneu pendurado pelo cizal, no galho forte da mangueira. Vem, vai, vem e vai... E lambuza-se de manga vendo os vagalumes piscarem na grama. Que se fosse idade tamanha de minha experiência, não teria o porquê de na vida regressar e voltar à idade que tenho na cabeça. Minha idade é relativa à minha infância, à minha juventude, à minha velhice e à minha morte, mesmo que a morte me seja distante.
2 Comments:
mto bom...quero ver escrever outro daqui ha uns 30 anos. Quero ver a versão de um outro Daniel...
abs
ele atualizou e ainda me surpreendeu com o tema! gostei do texto! bjos
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