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Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem - não foi homem,/ Só passou pela vida - não viveu. (Francisco Otaviano)

2.8.07

Mar no Copo

Quando, no auge da vertigem,
há vultos nos corredores,
não há medo,
nem muro...
No estrondo da maré,
não mareio;
Na veia da embarcação,
teu cume,
teu cheiro.
O veio da madeira
em teu lume.
Tua encarnação
que não vejo.
A bóia encarnada em solidão;
a outra verde, meu devaneio.
Entre as duas,
o canal,
o candeeiro,
o farol do meio,
a criança com a boca no seio
da mãe do escuro,
de toda a escuridão primeira.
Vento,
maresia.
A mortalha do corvo...
O esporro
que n'água esperneio.
A escotilha que friso;
o corsário.
O veraneio
que, por onde navega,
vela sobre vela,
carrega consigo um torto e feio
compromisso:
o vício das estrelas
de navegar-se por elas
entre esteiras,
entre mouriscos,
escravos e baderneiros.
Soluça o corpo da baleia,
dos peixes,
das gaivotas festeiras
no frio,
na ressaca,
na tardeia
que tarda.

Que somos um mar
dentro do mundo
assim como um trago no copo:
um barco flutua
como gira a colher;
e a lua bebe o mar
como faz o homem
no copo da mulher.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ae, muito bom...

Sabe que quando eu digo que e' bom e' porque e' bom mesmo, ne'?!

Fico sempre esperando o proximo, sabendo que vc vai se superar e evoluir cada vez mais!

Valeu!

05:08  
Blogger diana sandes said...

adorei! nem sempre é preciso ser objetivo ;)

23:13  

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