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Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem - não foi homem,/ Só passou pela vida - não viveu. (Francisco Otaviano)

14.4.08

Tempestade

Não chove mais aqui.
Não preciso de guarda-chuva:
ameaça, ameaça, mas não chove.
E não faz sol também...
O céu não se abre por inteiro,
é tudo escondido, não se descobre.

O Rio já foi sujo,
não o vejo mais tão sujo assim.
Talvez sejam os olhos de um sonhador.
E nem é limpo tanto
(sem exageros de minha parte)
Talvez sejam marcas de um velho amor.

E amar já foi melhor:
vinho pra cá, pizza pra lá,
um cinema às terças-feiras, sorrisos.
Não que seja ruim...
É que, agora, amar é difícil
o tanto quanto desamar um filho.

Não chove mais aqui.
E eu, sem meu guarda-chuva, rezo!
Temo pela enxurrada que promete.
Aliás... Nem por ela,
mas pela calmaria;
pelo momento em que a chuva não fere.

Não sei mais, na verdade,
não quero águas descendo a rua,
lavando, nelas, meus olhos sem rumo...
Ou se tudo é absurdo
e prefira ter o guarda-chuva,
vendo o Rio enxarcado num dilúvio.