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Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem - não foi homem,/ Só passou pela vida - não viveu. (Francisco Otaviano)

12.9.07

Poesia

A poesia do massacre das palavras
Que não ligo se for vendida, perdida
ou sepultada
É da poesia que vaza da carne vaga
Simplesmente poesia viva... viva
e mascarada
Destruo porque é poesia de letras
Que não é perene, que não se aprende,
não é sagrada
Porque de nada adianta a poesia se é morta
Que não é de dentro, nem de dentro pra fora,
se não é amada
Como nada adianta um sentimento mudo
Que não é um presente ao meu futuro
se a mim não volta
A poesia da mulher amada é divagada
De fora dos sonhos à profunda mágoa
que nela mora
Porque a poesia das Annas e Luisas
É a poesia que a nada se classifica
e apenas chora
Não se faz poesia do choro, nem da revolta
Nem da flora, da fauna, das luzes da aurora
que prevalece
Não se faz poesia da ilusão de outrora
Nem do recomeço do tempo e das horas
nem do que fere
A poesia do controle das palavras úmidas
Que lutam no ventre da madrugada fúlgida:
meu alicerce
A poesia que demanda mistura de cores
Fragmentos de amores suburbanos e de flores
da primavera
A poesia não é nada senão a revelia do sonho
Que nos dedos tremem quando me imponho,
contendo a fera
Em mim, havia a poesia da contemplação
Num contorno suave da luz no caramanchão,
nas trepadeiras
E no momento em que a poesia cessa de viver
Ela também convalesce bem como o anoitecer
e amanhece
De nada vale minha poesia sem os dedos
Sem as palavras, sem a luz ou o pretexto
perdido nela
Há talvez de uma poesia em mim habitar
Imune, fria, hibernada, sob o interno ar
que fenece
Pois nada vale a pouca poesia escrita
Se a coisa à qual vai toda a poesia,
não a merece

1 Comments:

Blogger Renan Oliveira said...

boa...gostei da construção dos versos...

22:17  

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