Minha foto
Nome:
Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem - não foi homem,/ Só passou pela vida - não viveu. (Francisco Otaviano)

25.3.08

Confissão

Confesso que não vivo.
Passo e repasso o momento,
Sem maldade; um menino
Cheio de sentimentos.

Aqui de baixo, vejo pouco.
Nem adianta esticar o pescoço;
Deito, estico e fico
eu mesmo e meu pensamento.

Confesso que não tenho escrúpulos
Suficientemente audaciosos,
No sentido de amar demais.

Resumo o que sou no futuro
Como vejo o passado em meus olhos:
Sólidos - porém chorosos -
De tanto amor que me faz.

Confesso que não vivo pleno.
Confesso que amenizo a dor
Cantando os meus erros,
Meus delitos e os abrigos
Invadidos pelos medos
Que trago comigo.

Confesso que não vivo direito:
Tão frouxo peito
Balança lá dentro,
Fundo e incerto.
Meu grande coração de moço
Que nunca mais quero aberto.

Confesso que vivo (ou não);
Levo e relevo os problemas,
Sem matar de paixão
Meu último sopro de poemas.

Queimo na virtude do meus sonhos,
Sentado na firmeza de um trono,
Como um rei da saudade
Que não se aguenta
E se condena em sono,
Com toda real verdade.

Confesso que não vivo.
Revivo sereno os dias,
Sabendo que não sigo
Por onde nunca os queria.

Sim, confesso que não vivo!
Mais que isso, ainda:
Poetiso na sobrevida
De um coração que, mesmo partido,
E todo em ruínas,
Sequer emite um ruído.