Da Poesia Viva

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Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem - não foi homem,/ Só passou pela vida - não viveu. (Francisco Otaviano)

15.9.11

De Casa em Casa


Não me importo com a demagogia
ou a falácia; não me importo com as palavras,
ou com as melodias.
Se me fosse falecer na pobreza, talvez até fartaria-me
de nobreza e de nostalgia.
Não me importaria nada,
nem a preguiça; ou estar coberto de tristezas,
de feridas e outras armas.
Não me importo com a morte,
não sou assim como ela, tão arredia.
Vida minha será restrita, distribuída de casa em casa.

10.9.11

Pequeno Bilhete Londrino II

Não pretendia encantamento.
Entendia que o descaso dos homens
era fruto maduro da hipocrisia - o que ali não existia.
Mas sei que o véu das noites frias,
sempre é fonte abstrata de meus inventos.
Pensava nos ônibus, nas ruas, nas avenidas.
Nada era, agora, como fora.
Um lugar de meninas em fila,
com suas pernas que começam na saia,
suas cabeças de nuvem.
Um lugar que é o labirinto das vidas,
com suas praças que terminam vazias,
suas calçadas de lume.
Suas lidas.

Não pretendia encantamento.
Suspeitava das crianças em duas rodas,
dos idosos, das moças em burca, das plumas.
Ainda era afeto merecido e ponto.

Meu caro amigo de longe,
penso em como foram teus anos aqui.
Naquela cruel colina onde vivias,
onde as pernas biciclando se murcham.
Um parque escuro que o cercava de raposas
e disfarces.
chicken and two sides,
chicken and two sides.
Sei que não foram fáceis teus dias,
e bem sei que nem serão os meus.
A dor da distância ou de nossa deselegante amizade
pode ser mais ainda...
E sei que o único lugar para se sofrer não pode ser em outro nenhum,
senão na ferida.