Da Poesia Viva

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Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem - não foi homem,/ Só passou pela vida - não viveu. (Francisco Otaviano)

18.3.09

De-Cadente

Viver me cansa
Me tira o apetite
Me desmancha
Como os olhos da santa
Aos pés da cruz.
Vivo como vive a luz
Intocável
Transparente
Incessante.
Por anos a fio, inerente
Ao meu estado de espírito.
Vivo como viver é possível
Vivo lírico
Físico
Vivo a viver estrela:
No escuro, cadente, comigo.

2.3.09

Mudez

Outro sonho
Outra é a noite
Numa que eu roubasse
A bruma do horizonte
'Inda vejo a tua sombra
Em meu colchão

Ouço à porta
Numa fresta
Como se tua voz
No quarto, ainda estivesse
Como um vulto
Ou parasita temporão

Nos sonhos, em que aflito,
Os olhos me lavavam
Beijo teu suor
E em tuas costas eu me largo
Falo com Deus
Encarando o luar
E subitamente o luar
Deita-se em teu colo.
E calo.

Partir

Já é hora de partir.
Mas as rodas ainda tocam o chão,
que o avião da vida
não tem força tanta pra subir.

Ah! Como eu queria partir!
Mas a calmaria do vento,
o peso de minh'alma ancorada
no tempo,
tudo que tento parece inútil.
Só quero ir-me...
E perder-me de ir.