Da Poesia Viva

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Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Quem passou pela vida em branca nuvem/ E em plácido repouso adormeceu;/ Quem não sentiu o frio da desgraça,/ Quem passou pela vida e não sofreu,/ Foi espectro de homem - não foi homem,/ Só passou pela vida - não viveu. (Francisco Otaviano)

15.9.09

Abracadabra

Menina lavava o rosto no igarapé,
Como se fizesse, às águas, cafuné.
Numa canoa arredia, feito buscapé,
Vai-se embora feito arara-canindé.

Menina aguava os olhos de meu rosto,
Como se fizesse, às mágoas, alvoroço.
Lança um beijo numa calma de dar gosto,
Vai-se embora feito onça atrás do coito.

Menina afiava as mãos na pedra,
Como se fizesse, à lótus, aquarela.
Enche um riso como um fruto de quimera,
Abracadabra: vai-se embora e cá me leva!

Avaria

Meu coração, hoje, avariou:
Verteu fumaça em vez de cor grená.
Parou um instante, depois recomeçou...
Clamou quietinho, feito um sabiá.
Meu coração, hoje, lamentou:
Saiu de banda em vez de amargurar.
Pra compensar, me apaziguou,
Fazendo amor em vez de maltratar.

9.9.09

Introspectivo

Até onde vou, não saio de casa.
Preciso das cortinas escancaradas
e das portas pra rua, fechadas.
Preciso dum momento só,
em trânsito constante das mágoas.
Tenho sede de viver poeta
muito mais que de beber água.
E até onde sei,
meu poema não sai nunca de casa.